Ando aqui AFETADA pelos encontros e diálogos proporcionados pelo Congresso GIFE 2023. Segui de lá e entrei em uma reflexão com base na Teoria U com Marian Goodman como parte da Certificação MetaIntegral Brasil
Não tenho respostas para muitas perguntas levantadas e que seguem ecoando, mas seguirei na missão de buscar ressignificar muitas coisas que sou e uma delas tem a ver com dinheiro. Tenho consciência do meu lugar de fala, pessoa branca, primeira geração que tem privilégio e que escolhe atuar na filantropia desde cedo em sua carreira. E lá se vão 20 anos…
Começo minha reflexão com alguns dados:
- 33 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer (2021)
- 1% dos mais ricos no país possuem quase metade da riqueza produzida no país.
Onde você está nessa curva? Como você se sente?
A pobreza é produto da política pública e do roubo, facilitada intencionalmente pela supremacia branca. Edgar Villanueva
Como olhar o que podemos fazer juntos pela nossa comunidade? Eu sei que muitos já fazemos muito, ou sentimos assim. Também não podemos presumir que o terceiro setor vai mudar sozinho esse cenário, mas não podemos mais seguir replicando a estrutura. Precisamos de INTENCIONALIDADE, mas também de AFETO.
- A intencionalidade requer consciência;
- Já o afeto, segundo Rumi, nós cabe achar as barreiras que construímos dentro de nós para deixar ele fluir
No Congresso presenciei um espaço aberto e diálogos potentes, como a mesa sobre grantmaking . Se tornar filantropos é um ato intencional, quando uma pessoa resolvem doar. E todos podemos doar e existem diferentes formas de doação. Me afetei pela do Rodrigo Pipponzi que tem um trabalho sério e consistente no setor e que até pouco tempo sua família olhava como hobby. Me identifiquei com sua monotonia de uma elite que muito tem e só querem acumular.
Onde entra o DOAR nesse sonhar?
Segundo a Teoria U, precisamos abrir não só as cabeças, mas também os corações. A mudança de estrutura é uma mudança sistêmica que não é linear.
A diversidade do Congresso me proporcionou ricas trocas e conversas. Eu tive o privilégio de conviver com muitas pessoas, em sua maioria jovens que estão construindo novas estruturas: Mateus Fernandes Thiago NascimentoDaniel Bento TeixeiraAmanda da Cruz CostaHugo Sabino Letícia Cortese muitos outros/as/es. Uma esperança com mudança que estamos vivendo.
Muitas perguntas recebi no sentido de captar recursos, mas acredito que precisamos não apenas para aumentar as doações (grantmaking), mas também para mudar o COMO doamos e COMO fazemos.
Redesenhar políticas e práticas no terceiro setor e no país é urgente, mas fiquei com a pergunta de como trazemos de volta nossa capacidade de sonhar, de um sonhar coletivo?
A música de Txai Suruí, Líder do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia nos guiou nesse exercício.
Sigo e espero que sigamos como campo com a intencionalidade de não apenas desafiar as estruturas, mas mudar coletivamente a forma se relacionar e fazer filantropia, fazer democracia.
Sem a equidade étnico racial não temos humanidade, segundo Thuane Nascimento, do Perifa Connection que bem colocou que o pensamento supremacista branco separou o país em humanos e não humanos.
Se você ainda não perguntou, se pergunte:
Seu trabalho ou atenção está focado em sustentar qual estrutura?
E todos, do qualquer lugar que você ocupe, estamos construindo o futuro. E temos urgência de um novo amanhã. E se você tem paciência para esse novo, você tem privilégio, como bem ressaltou Cassio França.