Ainda na minhas reflexões da leitura do mês: Originals, de Adam Grant mais uma vez me faz repensar padrões que tenho e que vivencio nos meus últimos quinze anos de atuação profissional. Minha pergunta é como podemos ajudar a criar espaços, ainda acho, culturas (familiar, escolar, profissional) que acolhe os não conformistas ou como dizemos na abordagem da Democracia Profunda: que acolhe a voz da minoria?
Como filha do meio, sempre tive papel de mediadora e assim aprendi a evitar ao máximo conflitos, muita vezes me calando para não entrar nele. O encontro da capítulo Repensando Groupthinking com a abordagem Democracia Profunda trouxe aquela sensação: nossa, agora algumas coisas fazem sentido. Grant traz pesquisas empíricas da psicologia organizacional que ressalta que líderes reagem muito mais positivamente quando empregados trazem a solução ao invés de problemas ou questões para resolver. Esse pressuposto leva a que sempre estamos buscando soluções com o que sabemos e com quem conhecemos ou confiamos. Ressalto que o consenso pode ser importante para tomada de algumas decisões, mas será que ele não é o caminho mais fácil, mas não o melhor caminho?
Hoje trazer a minha voz dissidente ou abrir espaço para as vozes da minoria vai além da ser um objeto de estudo ou trabalho, pois vejo como uma necessidade desse novo modelo mental (nas escolas, nos grupos, nas empresas). Ao mesmo tempo as lideranças que convivo cada vez tem mais dificuldades ou impaciência para as vozes dissidentes (muitas vezes dentro da desculpa da falta de tempo).
Grant relata a cultura de empresas tão diferentes como Polaroid e Bridgewater, reafirmando a utilidade e os resultados do uso ou não da voz da minoria nessas organizações. Os resultados de pesquisa aplicada não só de Grant quanto da Myrna Lewis, que desenvolveu o Lewis Método da Democracia Profunda, evidencia que o conflito e as discussões são importante e quanto mais acolhidos nas culturas, mais trazem transparências nas relações, abrindo um espaço de aprendizado individual e coletivo ao reconciliar as diferenças e nutriram a inovação.
Traduzindo livremente o futurista Paul Saffo a norma é: ter opiniões fortes, mas que devem ser apresentadas de forma leve. Estou na busca por abrir mais espaço para o não conformismo na minha vida pessoal e nos grupos que trabalho, pois acredito que só assim abriremos um novo portal para transformação minha, do outro e da sociedade.
Concedei-me, Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisa que não posso modificar. Coragem para modificar aquelas que posso. E sabedoria para conhecer a diferença entre elas.
Prece da Serenidade