Desde que conheci a Teoria U, passei a observar como desenvolver essa habilidade tão importante mas pouco pesquisada e desenvolvida. Entendi que no meu trabalho de grupos, precisava trazer a escuta e conversa para o centro do trabalho. Como fazer isso em um contexto que, segundo Daniel Goleman, a liderança é uma habilidade que se aprende, mas os líderes atuais já não escutam nem mesmo os seus pares?
Estamos tão distraídos, um pouco como zumbis andando por aí com uma conexão tão superficial. Quem não se sente ou já se sentiu nesse lugar? Estamos constantemente chegando emails, whatsups, entrando e saindo de reunião, enfim, tanta coisa na cabeça que será que escutamos quando temos uma conversa?
Otto Scharmer define níveis de escuta que não visam julgar qual nível é certo ou errado, mas sim trazer consciência para que tipo de escuta estamos tendo. Quando estamos no primeiro nível, estamos normalmente escutamos algo que já sabemos e reconfirmamos nossa opinião. Quando nos abrimos um pouco, notamos coisas que contradizem nossa teoria ou saber. Nesse encontro, abre-se espaço para inovação e aprendizagem surgir. Para lidar com problemas complexos de hoje, precisamos ampliar ainda mais nossa habilidade de escuta. O terceiro nível de escuta, ou, a escuta empática é quando vemos a situação pelos olhos dos outros, nos conectamos emocionalmente com o outro. A escuta passa a ser a partir do que a outra pessoa está falando. Já o quarto nível, requer que deixemos ir um pouco de nós e nos conectamos com um futuro que está emergindo. Nessa conexão, deixamos vir quem realmente somos. Uma escuta que envolve contato com todo o corpo e presta atenção nas possibilidades futuras.
Agora em qualquer nível de escuta, um elemento essencial é não interromper. Não significa que você deve ter uma postura de ficar parado ouvindo e absorvendo como uma esponja, mas sim atuar como trampolim, dando energia e ignição para que o melhor pensamento do outro possa vir, emergir.
Uma pesquisa de 2018 sobre como a escuta pode ajudar a trazer mudanças em uma equipe, ressaltou que o espaço para refletir sobre performance e dar feedback quando criado através de uma boa escuta, traz menos ansiedade e maior abertura para que os funcionários vejam outros lados (veja pesquisa: https://hbr.org/2018/05/the-power-of-listening-in-helping-people-change). Essa pesquisa traz a importância da escuta em processos de mudanças.O Thinking Environment dá as condições para que pessoas, grupos, equipes abram um espaço verdadeiro para escuta, antes realizar qualquer ação.
Trago essa reflexão quando me pego entrando em uma agenda enlouquecida de final de ano, com muitos encontros, reuniões, decisões mas pouca escuta e conexão. Assim deixo a pergunta: Que espaços nutrir nessa época? E na vida?