Democracia Profunda é uma ferramenta de facilitação única e de ponta que difere das técnicas tradicionais de resolução de problemas e da democracia majoritária, na medida em que não busca comprometimento. Em vez disso, o objetivo é construir um profundo entendimento dentro do grupo que reconheça e tome nota da sabedoria de toda a comunidade, incluindo os pontos de vista da minoria que costumamos ignorar ou substituir. A grande diferença também é cuidar das emoções e inconscientes, em vez de permanecer apenas no nível racional.
Na última quinta-feira, facilitei uma conversa sobre Democracia Profunda, assumindo o desafio de uma hora e meia como parte da Conferência das Américas organizada pela Associação Internacional de Facilitadores (IAF). Acabamos ficando bastante tempo na discussão da Teoria do Papéis, que vem do trabalho do Arnold Mindel e da process work psycology. Mindell trouxe a física quântica para psicologia e essa é a base dessa metodologia. Você já esteve em uma reunião pensando muito em uma fala, mas sem coragem de falar e a pessoa ao lado traz a sua voz? Esse é o campo de energia, está vivo e na sala. Como essa questão da energia e fractal se relaciona aos grupos? Através dos papéis.
Uma forma de entender o grupo é focar nos papeis e nas relações. Os papéis podem ser trazidos como sentimentos, pontos de vistas, opiniões e que eles são maiores que o indivíduo. Reconhecer e espalhar os papéis, traz mais consciência para o grupo, ajudando a acessar a sabedoria de todos. Quais papeis estavam na sala? Com certeza eu estava no papel de facilitadora/professora, mas também tinha em mim o papel de aprendiz e de participante, além do papel de animação de poder falar desse tema. E eu como facilitadora buscando a fluidez de papeis, acabei tomando o papel de participante e outra pessoa de facilitadora. Mesmo tendo um papel dominante, tinha alguém com esse papel maior que eu.
Muitas vezes não temos consciência do papel que estamos desempenhando e ficamos fixos nos papeis sociais impostos ou mesmo adoramos encontrar o bode expiatório na sala para colocar as culpas e apontar dedos. A fluidez dos papeis é essencial para lidar com conflitos e polaridades, afinal todos temos um pouco do Freud em nós? (Freud aqui como o papel do que discorda de tudo). E você, quais papeis você tem assumido no trabalho e na família? Quão fluído assume o papel de líder e de seguidor, tomando consciência das projeções impostas por cada um?