Sou uma pessoa que estou sempre envolvida em desenhar experiências de aprendizado para os grupos que trabalho e equipes de projeto que estou envolvida. Sempre carrego a preocupação de refletir e avaliarmos como um forma de aprender sobre a nossa prática, nosso fazer.
Esse processo de reflexão nas equipes ocorrem logo após a vivência, quando buscamos criar um espaço para que possamos expressar o que foi sentido e pensado após a experiência. Usamos muitas vezes um conjunto de perguntas que chamamos na Reos Partners de Plus & Delta, a fim de trazer o que foi bom? O que precisamos melhorar? E o que precisamos fazer diferente na próxima vez?
O foco das perguntas passa pelo corpo individual, mas está ancorado no corpo coletivo. Esses dois corpos aprendem de formas diferentes. Recentemente abrimos espaço para uma nova rodada de reflexão sobre a prática que tivemos em grupo, depois de um certo espaço e tempo, realizamos uma segunda volta de reflexão, trazendo aqui de forma simples, o que Maturana chama de recursividade. O foco estava no corpo coletivo, mas para passar ao coletivo, precisei revisitar minha reflexão individual. Precisei utilizar o desenho para visualizar e melhor entender o corpo coletivo (sistema). Senti no meu corpo (literalmente) o que poderia ter feito diferente e que gostaria de mudar. Acolhi o que eu posso fazer melhor, abrindo outras camadas, outras possibilidades. Me tornei hospedeiro não só das palavras da reflexão, mas do processo vivido.
O aprendizado é um processo vivo, com tempos diferentes nos corpos (organismos) e estruturas que atuam. Os processos de aprendizagem dos grupos que conduzo e que vivencio precisam estar encadeados em um espiral da recursividade, pois esse processo impede que os conteúdos se percam e que as reflexões sejam perdidas. Por isso acredito que precisamos estabelecer processos de reflexão e aprendizagem nas equipes e devem ser também parte da prática individual.
Termino com uma citação da Káritas Toledo Ribas:
“A recursividade faz o papel de um elo que impedem que os conteúdos se percam ou se dispersem pelo excesso e pode ser o suporte da geração do sentido, de sabermos o porque de determinado tema e como ele se encaixa no todo, pois o conhecimento deixa de ser útil quando é somente abstrato e não fomenta uma prática que possibilite a mudança daqueles que fazem uso dele, não produza algo no mundo real.”